A Petrobras está prestes a iniciar a perfuração de seu primeiro poço em águas profundas na Bacia da Foz do Amazonas, na chamada Margem Equatorial. A estatal aguarda a liberação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para realizar um teste operacional, última etapa antes da concessão da licença ambiental definitiva. A estrutura que permitirá o ensaio — uma base de resgate à fauna — foi aprovada nesta segunda-feira (19), em Oiapoque, no Amapá. A iniciativa, no entanto, reacende o embate entre o setor energético e a ala ambiental do governo federal. Entidades ambientais alertam que a abertura de uma nova fronteira petrolífera contraria os compromissos do Brasil com a transição energética e fragiliza a imagem internacional do país, especialmente às vésperas da COP30, em Belém. Os críticos também lembram que o local da perfuração, a cerca de 175 quilômetros da costa, ainda apresenta presença de corais, o que exige cuidados extras. Já os defensores, como o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), afirmam que a produção pode reforçar a segurança energética nacional e gerar desenvolvimento socioeconômico para o Amapá. A pressão por avanços também vem do Congresso. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), tem articulado apoio ao projeto e defende a exploração como alternativa de geração de emprego e renda. Segundo o IBP, o potencial da bacia pode atingir 1,1 milhão de barris por dia até 2029 — o equivalente a cerca de um terço da atual produção nacional. Paralelamente, o governo federal prevê leiloar 47 novas áreas na região em junho, apesar da insegurança jurídica que afastou interessados nos últimos certames. A travessia da plataforma até o ponto da operação pode levar até 20 dias, com início dos testes previsto para o fim deste mês.
Foi a segunda vez consecutiva que o mandatário foi hostilizado no encontro O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enfrentou nesta terça-feira (21) mais um momento de desgaste público ao ser vaiado em pelo menos três ocasiões durante sua participação na Marcha dos Prefeitos, evento anual realizado em Brasília. As manifestações negativas começaram antes mesmo de o presidente subir ao palco e se repetiram no início e no encerramento de seu discurso, contrastando com os momentos de aplausos pontuais registrados na plateia. Foi a segunda vez consecutiva que Lula foi hostilizado no encontro desde que retornou ao Planalto, em 2023. Apesar das tentativas de contenção por parte de alguns ministros presentes, que esboçaram reações para silenciar os protestos, Lula optou por ignorar as vaias. Durante sua fala, não fez menção direta aos gritos nem alterou o tom, encerrando o discurso com agradecimentos — mesmo sob novo coro de desaprovação. A marcha, organizada pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM), é o maior encontro de prefeitos do país, e nesta edição bateu recorde de participação: mais de 14 mil inscritos, quase três vezes o número de cidades brasileiras (5.570). A dimensão do evento reforça o peso simbólico do constrangimento enfrentado pelo presidente. Se a recepção da plateia foi fria, a do presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, foi abertamente crítica. Ziulkoski, que já foi prefeito de Mariana Pimentel (RS) e teve passagem próxima ao governo Bolsonaro, cobrou ações concretas do governo federal. “Abra o olho. Vamos votar pautas estruturantes”, disse, em tom de advertência. Entre as reclamações, destacou-se o incômodo com a decisão do STF que exige transparência na distribuição de emendas parlamentares. Para ele, a exigência de justificativa pública por parte dos deputados seria um entrave. Lula, por sua vez, respondeu de forma velada, criticando o retorno do “velho Paulo Ziulkoski”, agora com um