Mato Grosso vive um dos períodos mais preocupantes dos últimos anos no enfrentamento à violência sexual. Dados atualizados da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp-MT) revelam que, somente em 2025, foram contabilizados mais de 240 casos de estupro e 419 registros de importunação sexual em todo o estado. O número reforça um cenário alarmante que exige respostas urgentes das redes de proteção e segurança pública.
O ano foi marcado por episódios de grande repercussão. Entre os casos mais graves está o estupro coletivo de uma mulher de 36 anos em Pontes e Lacerda, que mobilizou equipes policiais e gerou comoção regional. Em Várzea Grande, outra mulher relatou ter sido estuprada durante um assalto, levando à prisão do suspeito pela Polícia Rodoviária Federal.
Ao longo de 2025, a Polícia Civil e a Polícia Federal também realizaram operações que resultaram em prisões por estupro de vulnerável, armazenamento de material de abuso sexual infantil e tortura. Entre os detidos, estão um ex-vereador e médico de Canarana, acusado de abusar de uma adolescente, e um professor de Comodoro suspeito de violentar três alunas menores.
Apesar de registros expressivos na Baixada Cuiabana e região metropolitana, grande parte dos casos ocorre no interior do estado, onde há menos estrutura para acolhimento de vítimas e suporte psicológico. Especialistas apontam que a distância de centros urbanos e a ausência de delegacias especializadas dificultam as denúncias e favorecem a subnotificação.
As situações envolvendo crianças e adolescentes seguem em alta. Levantamentos recentes do Judiciário apontam um aumento de 21% nos processos de estupro de vulnerável entre 2023 e 2024, tendência que se mantém em 2025.
Para entidades de defesa dos direitos humanos e operadores da segurança pública, os números refletem uma crise estrutural. A falta de políticas efetivas de prevenção, aliada a problemas de investigação e à lentidão judicial, contribui para a manutenção de um ambiente hostil às vítimas.
A recomendação de especialistas inclui:
- Ampliação de centros de atendimento psicológico e médico.
- Reforço da estrutura das Delegacias Especializadas de Defesa da Mulher e da Criança.
- Campanhas permanentes de conscientização sobre violência sexual.
- Treinamento de profissionais da educação e saúde para identificar sinais de abuso.
- Fortalecimento de programas escolares de prevenção e orientação.
A escalada da violência sexual em Mato Grosso exige ação imediata. A consolidação dos dados de 2025 deverá orientar novas estratégias do Estado, mas o desafio permanece: transformar estatísticas alarmantes em políticas públicas capazes de proteger vítimas, punir agressores e reduzir a vulnerabilidade de mulheres, crianças e adolescentes.







