Após revelações de fraudes milionárias na Previdência, base aliada reconhece força da pressão por investigação e busca limitar danos ao Planalto
Diante do avanço das investigações sobre fraudes milionárias no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) passou a admitir internamente a inevitabilidade da criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para apurar o esquema. A medida tem ganhado força no Congresso após a revelação do uso de dispositivos clandestinos, como o chamado “chupa-cabra digital”, usados para capturar dados de servidores e liberar benefícios irregulares.
A cúpula do Palácio do Planalto, embora contrária à instalação da comissão, já articula estratégias de blindagem política. A intenção é limitar o alcance dos trabalhos e evitar que a investigação se torne palco de desgaste direto para o governo federal em ano pré-eleitoral.
Articulação no Congresso
Nos bastidores, líderes governistas avaliam como inevitável a instalação da CPMI, diante do número crescente de assinaturas — tanto na Câmara quanto no Senado — e da forte repercussão pública do caso. A oposição promete usar a comissão como instrumento de pressão sobre o Executivo, especialmente sobre a atuação do Ministério da Previdência e da direção do INSS.
Aliados de Lula defendem uma comissão técnica, com foco na responsabilização dos criminosos e no aprimoramento dos sistemas de segurança, evitando a politização do debate.
Blindagem e contenção de danos
A principal estratégia da base aliada será influenciar a composição da CPMI, garantindo maioria governista na relatoria e presidência. Além disso, o Planalto pretende usar o discurso de que o próprio governo tem interesse na apuração dos fatos, apresentando medidas já adotadas para reforçar o controle interno e evitar novos golpes.
O presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, foi orientado a prestar esclarecimentos e demonstrar colaboração com os órgãos de controle, incluindo o envio de dados à Controladoria-Geral da União (CGU) e à Polícia Federal.