O escândalo do INSS, que investiga fraudes bilionárias contra aposentados e pensionistas, ganhou novos desdobramentos e atingiu figuras próximas ao governo federal. Um carro de luxo apreendido pela Polícia Federal durante operação contra o lobista Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, estava registrado em nome de Thallys Mendes dos Santos de Jesus, esposa do ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Jhonatan de Jesus.
Em nota ao portal Metrópoles, o ministro alegou que o veículo foi adquirido legalmente por seu sogro e posteriormente vendido ao lobista, antes do início das investigações. “Nós entregamos o carro antes e foi pago antes de qualquer operação da PF. Não tinha nada que desabonasse, era um processo de venda normal”, afirmou Jhonatan.
Antes de ocupar a vaga no TCU, Jhonatan de Jesus foi deputado federal pelo partido Republicanos, o mesmo do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (PB), aliado do presidente Lula. Motta tem resistido a pressões para a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigue o escândalo do INSS.
Outro nome que surge na investigação é o de Jerônimo Arlindo, conhecido como “Junior do Peixe”. Ele foi dirigente da Conafer (Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais), entidade acusada de usar documentos falsos para aplicar descontos indevidos nos benefícios de aposentados.
A Conafer teve um crescimento financeiro impressionante: de um faturamento de R$ 400 mil em 2019, saltou para R$ 202 milhões em 2023. Junior do Peixe já teve passagens pelo Ministério da Pesca nos governos Dilma Rousseff e Ricardo Coutinho, ambos do PT, e integrou o gabinete de Hugo Motta em 2020.
As conexões políticas e o envolvimento de pessoas próximas ao governo tornam o escândalo do INSS ainda mais delicado. A pressão por uma apuração mais profunda aumenta no Congresso Nacional, enquanto aposentados seguem sendo os principais prejudicados.