Capitã Izadora Ledur é absolvida em julgamento por maus-tratos a aluno durante treinamento

A Capitã do Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso, Izadora Ledur de Souza Dechamps, foi absolvida nesta sexta-feira (7) pelo julgamento realizado na 11ª Vara Criminal Especializada da Justiça Militar. O caso se referia às acusações de maus-tratos contra o aluno Maurício Júnior dos Santos, durante um treinamento na Lagoa Trevisan, em Cuiabá, no ano de 2016.

Os juízes militares concluíram, por maioria de votos, que não há provas suficientes para a condenação da capitã, resultando em sua absolvição. O julgamento, que sofreu diversos adiamentos, foi finalmente realizado na tarde desta sexta-feira.

Defesa argumentou falta de provas

A defesa da capitã, representada pelo advogado Huendel Rolim, sustentou que não houve comprovação de que Maurício tenha sido exposto a perigo de vida, o que descaracterizaria a tipificação do crime de maus-tratos. Além disso, a defesa destacou que o aluno apenas prestou depoimento sobre o caso em novembro de 2016, após a morte de Rodrigo Claro, outro aluno que faleceu durante treinamento com a capitã.

“Ele fez isso para aumentar o caldo, para gerar mídia, pressão, tudo junto”, argumentou Rolim durante o julgamento.

Juiz se manifestou a favor da condenação

Apesar da decisão final pela absolvição, o juiz Moacir Rogério Tortato divergiu da opinião majoritária dos juízes militares. Ele rebateu os argumentos de insuficiência de provas e concluiu que Izadora Ledur deveria ser condenada a dois meses de detenção, em regime aberto, por maus-tratos. No entanto, apontou que o crime já estava prescrito.

Com isso, por maioria de votos, a capitã foi absolvida das acusações.

O caso

Segundo os autos do processo, no dia do treinamento, as atividades iniciaram por volta das 7h e incluíam diversos exercícios físicos, culminando com a travessia da Lagoa Trevisan. A atividade era liderada pela então tenente Izadora Ledur.

Durante a travessia, após percorrer cerca de 40 metros, Maurício Júnior dos Santos começou a sentir câimbras e foi auxiliado por outros alunos, recebendo inclusive uma boia de outro tenente. No entanto, Ledur teria ordenado que os demais alunos seguissem e passado a ofender Maurício, aplicando-lhe castigos.

Consta nos autos que a oficial utilizou uma corda do lifebelt para amarrar o aluno e submetê-lo a sucessivos afogamentos, até que ele perdesse a consciência. Maurício acordou às margens da lagoa, vomitando água e completamente exausto, sendo ainda coagido a retornar às atividades, o que recusou devido ao seu estado de saúde.

O caso gerou grande repercussão, especialmente pela semelhança com a situação do aluno Rodrigo Claro, que faleceu após um treinamento conduzido pela mesma militar.

Repercussão

A absolvição de Izadora Ledur gerou reações diversas. Familiares e apoiadores das vítimas lamentaram a decisão, enquanto setores da corporação e da defesa celebraram a conclusão do processo.

Até o momento, não há informações sobre um eventual recurso por parte do Ministério Público ou da assistência de acusação.

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