China impõe tarifa de 84% a produtos dos EUA e acende alerta global: dólar dispara e mercados recuam

White House

A China elevou nesta quarta-feira (9) as tensões comerciais com os Estados Unidos ao anunciar tarifas de até 84% sobre importações norte-americanas, numa resposta direta à escalada protecionista imposta pelo presidente dos EUA, Donald Trump, que havia aplicado uma tarifa de até 104% sobre produtos chineses na véspera.

A medida de Pequim foi imediata e coordenada: além das sobretaxas, o governo chinês impôs sanções a 18 empresas norte-americanas dos setores de tecnologia e defesa e instruiu bancos estatais a reduzirem compras de dólar — um movimento estratégico para proteger o yuan e sinalizar força no tabuleiro financeiro global.

Dólar dispara no Brasil

No Brasil, os efeitos foram instantâneos. O dólar subiu 1,08% logo nas primeiras horas da manhã, atingindo R$ 6,061, um dos maiores patamares desde a pandemia. A Bolsa brasileira recuava 0,75%, acompanhando o movimento negativo das principais bolsas internacionais.

A reação dos mercados reflete a preocupação com os desdobramentos da nova fase da guerra comercial, que agora se aproxima de uma ruptura sistêmica entre as duas maiores economias do mundo.

O que a China disse

Em comunicado oficial, o Ministério das Finanças da China classificou as tarifas americanas como uma agressão ao sistema multilateral:

Antes mesmo do anúncio, a China já havia levado sua “preocupação séria” à Organização Mundial do Comércio (OMC), antecipando que tomaria “medidas firmes e proporcionais”.

Trump dobra a aposta

Do outro lado do Pacífico, Trump e sua equipe mantêm o tom duro. O secretário do Tesouro, Scott Bessent, chamou a reação chinesa de “lamentável” e disse que a China se recusa a negociar “por ser o maior infrator das regras comerciais internacionais”.

Enquanto isso, os EUA priorizam acordos bilaterais com aliados como Japão e Coreia do Sul, ignorando as tentativas da China de reabrir diálogo. Segundo o assessor da Casa Branca, Kevin Hassett, “a China não está entre os parceiros preferenciais neste momento”.

Impacto global e risco de recessão

O movimento chinês, com a tarifa de 84%, deve excluir na prática diversos produtos americanos do mercado chinês, afetando setores-chave da economia dos EUA como agricultura, aeroespacial, tecnologia e automóveis. O banco JPMorgan elevou para 60% a probabilidade de uma recessão global, citando o risco de “desorganização das cadeias produtivas globais” e “queda acentuada na confiança do investidor”.

Além disso, a inflação nos EUA pode acelerar, obrigando o Federal Reserve (Fed) a manter juros altos por mais tempo o que pode aprofundar a desaceleração da economia.

Brasil no meio da disputa

Para o Brasil, que tem na China seu maior parceiro comercial, a tensão traz riscos diretos: queda na demanda por commodities, redução de exportações e volatilidade cambial. Já os efeitos indiretos via desaceleração global podem afetar investimentos, inflação e crescimento.

No curto prazo, o governo brasileiro terá que lidar com a disparada do dólar e o impacto nas importações e combustíveis, enquanto o Banco Central observa com cautela qualquer mudança no cenário de juros e inflação.

FONTE: HORA BRASILIA

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