Correios suspendem pagamentos de R$ 2,75 bilhões e acumulam prejuízo sob gestão Lula

A crise financeira dos Correios se aprofundou. A estatal decidiu suspender o pagamento de dívidas que somam R$ 2,75 bilhões, incluindo débitos com fornecedores, tributos e benefícios de funcionários. A medida, revelada em documentos internos, visa preservar a liquidez e garantir a continuidade das operações, diante de 11 trimestres consecutivos de prejuízo — nove deles sob a gestão de Fabiano Silva, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que deixou o cargo neste mês.

A lista de compromissos adiados inclui repasses ao plano de saúde Postal Saúde, ao fundo de pensão Postalis, débitos tributários, fornecedores, programas corporativos e benefícios trabalhistas. Entre os valores estão R$ 741 milhões de INSS patronal, R$ 652 milhões de fornecedores, R$ 363 milhões ao Postal Saúde, R$ 271 milhões ao programa Remessa Conforme e R$ 238 milhões em vale-alimentação e refeição. Parte dessas dívidas já resultou em ações judiciais, com transportadoras cobrando judicialmente R$ 104 milhões em atrasos.

A Receita Federal também identificou R$ 1,3 bilhão em tributos não quitados. Como solução emergencial, os Correios esperam captar R$ 1,8 bilhão — sem detalhar se por meio de empréstimos bancários ou do Tesouro Nacional. Dois financiamentos, de R$ 250 milhões e R$ 300 milhões, já haviam sido contratados em 2024 com os bancos Daycoval e ABC. As parcelas começaram a vencer neste mês e vão até dezembro.

Além disso, a empresa aguarda a liberação de R$ 4,3 bilhões do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), presidido por Dilma Rousseff. Esses recursos, no entanto, são vinculados a projetos ambientais e logísticos e não podem ser usados para cobrir o déficit de caixa.

A estatal atribui a deterioração das finanças a mudanças regulatórias e ao avanço da concorrência internacional, que impactaram a receita. 

O balanço negativo marca uma inflexão em relação aos anos anteriores. Sob Jair Bolsonaro (PL), os Correios registraram o maior lucro de sua história: R$ 3,7 bilhões em 2021. Já o resultado de 2022, inicialmente positivo, foi revisto no governo Lula após o lançamento retroativo de R$ 1 bilhão em indenizações trabalhistas, transformando um lucro de R$ 200 milhões em prejuízo de R$ 800 milhões.

No primeiro trimestre de 2025, a estatal reportou um prejuízo de R$ 1,7 bilhão — o maior desde 2017 e um aumento de 115% em relação ao mesmo período do ano anterior.

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