CPI DA VAZA TOGA: Senado e Planalto articulam blindagem para controlar a Comissão

Fabio Rodrigues Pozzebon/ Agência Brasil

No epicentro de uma nova crise institucional que combina pressões internacionais, escândalos internos e investigações parlamentares, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes reafirmou seu ‘compromisso com a atuação enérgica contra ameaças à democracia’, mesmo sob crescente desgaste político e diplomático. “Não há a menor possibilidade de recuar um milímetro”, disse ele ao The Washington Post, em referência às críticas que vem recebendo no Brasil e no exterior.

A declaração ocorre num momento delicado: sanções impostas pelos Estados Unidos via Lei Magnitsky, um pedido de investigação contra sua chefe de gabinete protocolado pelo Partido Novo e, agora, a formalização do requerimento para criação da CPI da Vaza Toga, liderada pelo senador Esperidião Amin (PP-SC), que promete abrir a caixa-preta da atuação do STF entre 2018 e 2024.

Inspirada em reportagens que revelaram supostos abusos na condução de inquéritos, vazamentos seletivos e atuação política de assessores, a CPI é vista como uma ameaça direta ao núcleo de poder de Moraes. Para conter os danos, o Palácio do Planalto já se mobiliza: segundo apurou a reportagem, o governo Lula quer utilizar o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), para articular a composição da comissão e garantir maioria governista — uma estratégia similar à aplicada na CPI do Roubo do INSS, que blindou aliados do PT e do PDT.

Mesmo com a crescente exposição negativa, Moraes mantém influência sólida no Judiciário e no Executivo. Conta com o apoio público e operacional de nomes como o ministro Flávio Dino, o procurador-geral da República Paulo Gonet e o advogado-geral da União José Levi. Além disso, sua base dentro do STF, composta por ministros com afinidades ideológicas, assegura que suas decisões sejam referendadas com ampla maioria. Segundo o próprio Moraes, mais de 700 de seus atos foram revisados sem nenhuma reversão.

Esse apoio tem sido essencial diante do desgaste provocado pela revelação de novas mensagens na chamada “Lava Toga 2”, série de vazamentos que expõem práticas informais dentro do gabinete do ministro. O episódio mais recente levou o Partido Novo a pedir a abertura de processo administrativo disciplinar contra Cristina Yukiko Kusahara Gomes, chefe de gabinete de Moraes e ex-coordenadora da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação (AEED), órgão ligado ao TSE.

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