Rondonópolis (MT) – A Companhia de Desenvolvimento de Rondonópolis (Coder) volta ao centro das atenções políticas e sociais. Enquanto os vereadores já garantiram as assinaturas necessárias para abrir uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) contra a empresa, a população assiste de camarote a um enredo que mistura atraso de salários, desemprego em massa e disputas políticas que podem definir o futuro da companhia e da cidade.
CEI pronta, mas engavetada
O requerimento da CEI da Coder já tem assinaturas de sobra, oito no total, uma a mais que o mínimo exigido. Ainda assim, a Câmara Municipal não tem data para protocolar o pedido. A sensação nos corredores do Legislativo é de que a pauta ganhou força, mas está sendo tratada com luvas de pelica, como se houvesse um esforço para empurrar o problema com a barriga.
Enquanto isso, a população e os trabalhadores demitidos aguardam explicações concretas sobre a gestão da companhia, que já coleciona polêmicas este ano.
Funcionários no sufoco
A crise da Coder não é apenas política ela bateu na porta de centenas de trabalhadores. Nos primeiros meses de 2025, funcionários chegaram a ficar sem salário, acumulando dívidas e vivendo momentos de desespero. Muitos foram desligados em meio à turbulência administrativa, sem qualquer garantia de estabilidade.
Essas histórias reais, de gente que dependia da Coder para sustentar a família, contrastam com o silêncio das autoridades municipais. A população se pergunta: quem se responsabilizará pelo drama humano que essa crise deixou para trás?
Prefeito Cláudio Ferreira no olho do furacão
O prefeito Cláudio Ferreira (PL) tenta se manter distante das polêmicas, mas o desgaste é inevitável. Sob sua gestão, a empresa pública passou pelo maior abalo de credibilidade dos últimos anos. Se por um lado, aliados defendem que a liquidação da Coder seria a saída “racional”, por outro, cresce a percepção de que a prefeitura tem falhado em dar respostas rápidas e eficientes para os problemas da estatal.
Não é segredo que parte da base governista cogita simplesmente fechar as portas da companhia. O PT já se posicionou contra, acusando o projeto de privatização de servir a interesses obscuros. Resta saber se Cláudio Ferreira terá fôlego político para sustentar essa queda de braço sem manchar ainda mais sua imagem.
Nova presidência em meio à tormenta
Como se não bastasse, em junho a Coder ganhou um novo presidente: Laerte Costa, aprovado por unanimidade em assembleia, assumiu a cadeira no auge da turbulência. Ao lado do diretor técnico, Hemerson Mendes, ele recebeu a missão de reorganizar uma empresa fragilizada, pressionada por atrasos, dívidas e investigações iminentes.
A pergunta que fica é: será que Costa terá liberdade para agir ou será apenas mais um personagem em um roteiro já escrito pelo Paço Municipal?
O que está em jogo
No fim das contas, não são apenas números de auditoria e relatórios contábeis que estão em jogo. São trabalhadores que perderam o sustento, famílias que enfrentaram o desespero do atraso de salários e uma cidade que vê uma das suas principais empresas públicas mergulhar em incertezas.
A CEI pode trazer respostas, mas a demora em seu protocolo alimenta a sensação de que a verdade está sendo contida a todo custo.
Enquanto isso, o povo assiste. E cobra.