Dívida bruta do Brasil ultrapassa R$ 9 trilhões pela 1ª vez e atinge 78,6% do PIB, segundo o Banco Central

Foto: Agência Brasil

O Brasil superou pela primeira vez na história a marca de R$ 9 trilhões em dívida bruta, segundo dados divulgados pelo Banco Central. O montante atingiu R$ 9,032 trilhões em outubro de 2024, alta de 1,16% em relação a setembro e de 14,13% na comparação com outubro de 2023.

Com o avanço, a dívida bruta do Governo Geral — que inclui União, estados, municípios e o INSS — chegou a 78,64% do Produto Interno Bruto (PIB), maior patamar desde outubro de 2021, quando o índice foi de 79,1%.

Somente em 2024, o crescimento foi de 4,22 pontos percentuais, e, desde o início do governo Lula (PT), o aumento acumulado é de 6,96 pontos. Em valores nominais, a gestão atual acrescentou R$ 1,807 trilhão ao estoque da dívida, atrás apenas dos governos Dilma Rousseff e Michel Temer em termos de crescimento absoluto.

A série histórica do Banco Central, iniciada em 2006, mostra a seguinte evolução por governo:

  • Lula (2007–2010): +R$ 674,9 bilhões
  • Dilma (2011–2014): +R$ 1,241 trilhão
  • Dilma/Temer (2015–2018): +R$ 2,020 trilhões
  • Bolsonaro (2019–2022): +R$ 1,952 trilhão
  • Lula (2023–atual): +R$ 1,807 trilhão

O aumento da dívida é acompanhado por forte elevação nos gastos com juros. Em outubro, o setor público desembolsou R$ 111,6 bilhões apenas com pagamento de juros nominais — valor 80,3% superior ao registrado em outubro de 2023 (R$ 61,9 bilhões). O resultado é impactado pela manutenção da taxa Selic em patamar elevado, o que encarece o custo de rolagem da dívida.

Com esse volume de juros, o resultado nominal do setor público consolidado foi negativo em R$ 74,1 bilhões no mês. No acumulado de 12 meses até outubro, os gastos com juros somaram R$ 869,3 bilhões — equivalente a 9,52% do PIB. Trata-se do maior patamar da série recente e marca uma aceleração dos desembolsos desde setembro, conforme indica o Banco Central.

Embora o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, insista na teoria do compromisso com o arcabouço fiscal e na busca de equilíbrio das contas públicas, a dinâmica dos juros e da dívida preocupa o mercado financeiro e os organismos internacionais.

A elevação da dívida compromete a margem de manobra do governo para investimentos e políticas anticíclicas, ao mesmo tempo em que pressiona o Banco Central a manter a Selic elevada para controlar a inflação e conter a desconfiança dos agentes econômicos.

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