FRAUDE NO INSS: Foto de reunião com lobista expõe atual ministro da Previdência

Reprodução Metrópoles

Uma fotografia tirada dentro do Ministério da Previdência Social no início do governo Lula, em janeiro de 2023, voltou a colocar o atual ministro da pasta, Wolney Queiroz (PDT), no centro das atenções. A imagem registra um encontro informal entre Wolney e o lobista Antonio Carlos Camilo Antunes — conhecido como “Careca do INSS” —, apontado pela Polícia Federal como principal operador do esquema de descontos ilegais em aposentadorias que movimentou R$ 6,3 bilhões desde 2019. A informação é do site Metrópoles.

Além de Wolney e do lobista, também estavam presentes à reunião três ex-dirigentes do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) que são hoje investigados por suspeita de recebimento de propina para favorecer entidades envolvidas nas fraudes. O encontro não consta em nenhuma agenda oficial, mas foi registrado nas redes sociais de Wolney, que à época ainda era deputado federal e havia sido convidado para assumir a Secretaria-Executiva da Previdência — cargo que ocuparia oficialmente um mês depois.

Segundo investigação da PF, o “Careca do INSS” distribuiu R$ 9,3 milhões em propina entre 2023 e 2024. Só o então procurador-geral do INSS, Virgílio Oliveira Filho, recebeu R$ 11,9 milhões, dos quais R$ 7,5 milhões vieram diretamente do lobista. André Fidelis, ex-diretor de Benefícios do INSS, aparece com R$ 5,1 milhões em movimentações suspeitas; Alexandre Guimarães, ex-diretor de Governança, com R$ 313,2 mil. Todos estavam na reunião de 12 de janeiro.

O lobista também doou um Porsche de R$ 500 mil para a esposa de Virgílio. A estrutura de repasses incluía empresas de fachada, contratos fictícios e pagamentos por serviços simulados.

Ministro nega vínculo: “nenhuma lembrança de conhecê-los”

Em audiência no Senado no último dia 15 de maio, o ministro Wolney Queiroz afirmou que não tem qualquer relação com o lobista ou com empresários ligados à fraude, incluindo Danilo Trento e Maurício Camisotti, apontado como beneficiário final de três associações envolvidas no esquema. “Eu posso ter, eventualmente, me encontrado com alguns deles, não me lembro de tê-los recebido. Mas posso garantir que não tenho qualquer relação”, disse ao senador Sergio Moro (União-PR).

Em nota divulgada nesta segunda-feira (2), Wolney reforçou que a reunião foi organizada por Virgílio Oliveira Filho, então consultor jurídico do ministério, “sem sua anuência prévia sobre os participantes”. “A atividade foi registrada, à ocasião, nas redes sociais do próprio Wolney, o que reforça a boa-fé no encontro”, diz o comunicado.

O ministro afirma que sua conduta “sempre foi pautada por transparência, integridade e compromisso com o interesse público”.

A foto e as conexões expostas pela investigação aumentaram o constrangimento dentro do governo Lula. A reunião ocorreu antes da posse formal de Wolney, mas dentro de um ministério em transição, e envolveu figuras hoje diretamente ligadas ao epicentro do escândalo que levou à queda de Carlos Lupi.

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