O secretário de Estado da Fazenda de Mato Grosso, Rogério Gallo, afirmou que o Governo Federal tem reduzido drasticamente sua participação no financiamento da saúde pública do estado, deixando a maior parte dos custos sob responsabilidade exclusiva do governo estadual. A declaração foi dada durante entrevista nesta terça-feira (9), e reforça um alerta sobre o desequilíbrio no repasse de recursos federais ao sistema de saúde de Mato Grosso.
Segundo Gallo, a União “virou as costas para a saúde de MT”, ao diminuir ano após ano sua parcela de contribuição. Ele destacou que, enquanto o estado amplia sua rede hospitalar, o governo federal tem reduzido os valores enviados, criando um cenário que classificou como “insustentável” a médio prazo.
Dados apresentados pelo secretário mostram que, em 2019, a União custeava cerca de 17% das despesas da saúde em Mato Grosso. Hoje, essa participação caiu para aproximadamente 6% — mesmo com o aumento populacional, a ampliação dos serviços e a construção de novos hospitais.
O governo estadual estima que, até o fim deste ano, investirá cerca de R$ 6 bilhões em saúde pública. Desse total, pouco mais de R$ 500 milhões devem vir do Governo Federal — valor considerado muito abaixo do necessário para acompanhar o ritmo de expansão da rede.
Gallo destacou ainda que Mato Grosso está realizando investimentos robustos na construção e revitalização de unidades hospitalares, incluindo:
- Quatro novos hospitais regionais;
- Reforma e ampliação de unidades em Cuiabá;
- Avanço nas obras do Hospital Central, paralisado por décadas;
- Apoio orçamentário a consórcios municipais de saúde.
Esses investimentos, segundo ele, deveriam contar com participação mais expressiva da União, já que o sistema é tripartite e prevê corresponsabilidade entre estados, municípios e o governo federal.
Para o secretário, a continuidade desse cenário pressiona o caixa estadual e compromete o planejamento de longo prazo. Ele alerta que, caso a União não retome sua participação histórica no custeio da saúde, Mato Grosso poderá enfrentar dificuldades para manter e operar a estrutura que está sendo construída.
Gallo também mencionou o apoio da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), que tem contribuído com medidas para garantir recursos adicionais ao setor, reforçando que o estado tem feito “muito além do que seria sua obrigação constitucional”.
Ao final, Gallo afirmou que espera um reposicionamento do Governo Federal, “para que Mato Grosso não continue arcando sozinho com uma responsabilidade que deveria ser compartilhada”.
Segundo ele, a população mato-grossense merece um sistema de saúde forte e bem financiado, mas isso só será possível se a União voltar a assumir seu papel na distribuição de recursos.






