Pelo menos quatro deputados teriam recuado da assinatura para instalar a Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar crimes contra a mulher em Mato Grosso, a CPI do Feminicídio, proposta pela deputada Edna Sampaio (PT). Conjecturas apontam que a pasta política do governo teria feito articulações no sentido de demover deputados que aderiram ao requerimento de investigação.
A reportagem apurou que o argumento governista seria que uma CPI pode estabelecer um debate desgastante para o governo, antecipando as discussões das eleições do próximo ano.
Procurada, Edna Sampaio admitiu que o governo decidiu atuar para impedir a instauração. Contudo, ela afirmou que já procurou o Executivo e está disposta a negociar para que a CPI seja aberta.
“Eu procurei o secretário Fábio Garcia para falar da importância de debatermos esse tema de forma institucional, e o melhor instrumento é a CPI, porque com ela podemos ter acesso a informações e documentos para apurar qual política pública o Estado vem adotando para combater o feminicídio”, disse Sampaio.
Segundo ela, é preciso aprofundar o debate, já que o Estado segue liderando nos últimos dois anos o ranking das federações brasileira que mais assassina mulheres no Brasil.
“Ele [Fábio Garcia] alega que o governo teme ataques da oposição e estranha o uso de uma CPI para o tema. Mas eu disse que estamos dispostos a fazer um trabalho sério e não politicar o tema”, explicou.
Para ela, não há um debate profundo sobre o tema na classe política do Estado. “Não adianta dizer que a culpa é das leis ou que resolvem os casos. Nós precisamos evitar que esses crimes ocorram e leis nós temos. O que precisamos é que elas funcionem e tenhamos políticas públicas preventivas contra esses crimes”, completa. Edna Sampaio não quis citar quais deputados retiraram a assinatura.
No dia 20 passado, a assessoria da petista informou que tinham aderido à CPI: Wilson Santos (PSD), Dr João, Janaina Riva e Thiago Silva, os três do MDB, Lúdio Cabral (PT), Faissal Calil (Cidadania), Eduardo Botelho (União Brasil), Elizeu Nascimento (PL), além da própria petista.
Outro lado
A reportagem procurou o líder do governo, porém, ele não quis comentar o assunto.