Justiça ou Justiça Seletiva? O cerco judicial contra Bolsonaro expõe desequilíbrios institucionais

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A operação deflagrada pela Polícia Federal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e a sede do PL reacende uma preocupação central: até que ponto o sistema Judiciário brasileiro está agindo com isenção — e não como ator político?

A determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), que impôs tornozeleira eletrônica, censura indireta e outras restrições ao ex-presidente sem uma condenação formal, reforça a percepção de que a Justiça deixou de ser um pilar neutro da República para se tornar um instrumento de disputa ideológica. O Judiciário, que deveria guardar distância dos embates político-partidários, hoje atua com protagonismo — muitas vezes atropelando o devido processo legal.

É evidente que investigações devem ocorrer. Ninguém está acima da lei. Mas é igualmente imprescindível que as instituições atuem dentro dos limites da legalidade, respeitando o contraditório e evitando espetáculos punitivos seletivos. O que se vê é um padrão: a mão pesada da Justiça recai sistematicamente sobre personagens de um lado do espectro político, enquanto outros, envolvidos em escândalos tão ou mais graves, seguem blindados por uma rede de silêncio institucional.

O STF, ao assumir também o papel de investigador, julgador e intérprete único da Constituição em processos politicamente sensíveis, concentra um poder que desequilibra os pesos e contrapesos da democracia. A separação entre Justiça e política está cada vez mais borrada, e a confiança da população nas instituições jurídicas sofre erosão crescente.

Se o combate ao autoritarismo é necessário, ele precisa ser feito com base na legalidade, e não com métodos autoritários travestidos de justiça. Não se pode combater um suposto arbítrio com outro arbítrio. O risco é transformar o Judiciário em protagonista de uma narrativa de vingança institucional — algo que mina o próprio Estado de Direito.

Hoje, Bolsonaro é alvo. Amanhã, pode ser qualquer cidadão ou adversário do sistema. Quando a Justiça deixa de ser imparcial, todos perdem. Inclusive a democracia.

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