Justiça Seletiva? Fernandinho Beira-Mar dá entrevistas e Bolsonaro é proibido de usar redes sociais

REPRODUÇÃO

Enquanto líderes do narcotráfico como Fernandinho Beira-Mar e Marcola continuam tendo voz dentro dos presídios — com direito a entrevistas e exposição pública —, o ex-presidente Jair Bolsonaro vive sob a sombra da censura judicial. A decisão do Supremo Tribunal Federal que impôs restrições severas ao uso de redes sociais por Bolsonaro, incluindo a proibição de terceiros de publicarem conteúdos ligados a ele, levanta um debate urgente: estamos diante de um sistema que pune ideias com mais rigor do que crimes?

A disparidade é gritante. Traficantes condenados por liderarem facções responsáveis por milhares de mortes e pelo envenenamento da juventude têm espaço na imprensa para expor opiniões e se defenderem publicamente. Já Bolsonaro, sem nenhuma condenação definitiva, pode ser preso por interações digitais consideradas indevidas — um cenário que beira o autoritarismo.

O contraste se agrava quando lembramos que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, à época condenado em segunda instância por corrupção, concedeu entrevistas de dentro da prisão em Curitiba. Não houve, então, restrições ao seu discurso, tampouco censura a seus apoiadores. Pelo contrário: suas falas foram amplamente divulgadas como parte da estratégia eleitoral que o levou de volta ao poder.

O que se vê, portanto, é um desequilíbrio preocupante. A liberdade de expressão — garantida pela Constituição — parece ser relativizada conforme o personagem político em questão. Punições antecipadas, censura a perfis de terceiros e ameaças de prisão por mera publicação digital configuram um precedente perigoso para qualquer democracia.

A Justiça não pode ser instrumento de perseguição seletiva, nem critério de conveniência ideológica. Quando criminosos com histórico violento têm mais liberdade de comunicação que um ex-presidente da República, algo está fora do lugar.

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