Mais de 10% dos Policiais Penais Buscam Ajuda Psicológica em Mato Grosso

Mais de 10% dos policiais penais buscaram ajuda psicológica em um ano em MT — Foto:

Em Mato Grosso, a saúde mental dos policiais penais é uma preocupação crescente. Dados recentes divulgados pelo Sindicato dos Policiais Penais do Estado (SINDSPPEN) revelam que mais de 350 servidores (12,5%) buscaram apoio psicológico em um ano. Entre os fatores mais relatados estão a carga horária exaustiva e dificuldades financeiras.

Carga Horária e Estresse no Ambiente de Trabalho

Atualmente, o estado conta com cerca de 2.800 policiais penais que trabalham em uma escala de 24×72. Durante as 24 horas de plantão, os servidores permanecem dentro das penitenciárias, enfrentando rotinas estressantes e lidando com situações de risco, como tentativas de fuga e entrada de materiais ilícitos.

De acordo com Emilene Nunes, diretora de saúde do SINDSPPEN, esse modelo de trabalho é altamente desgastante:
“Quando ele entra na unidade, ele fica 24 horas ‘preso’ também, com a mesma rotina, cuidando da segurança do reeducando. Existe a pressão em relação aos riscos de fuga e de entrada de materiais ilícitos, é bem estressante.”

Problemas Financeiros e Impacto na Saúde Mental

Outro problema alarmante é o comprometimento financeiro. Muitos servidores têm até 85% de seus salários destinados ao pagamento de empréstimos, gerando ansiedade e tensão no ambiente profissional e familiar.

Para amenizar a situação, o SINDSPPEN oferece atendimento psicológico gratuito aos profissionais da categoria e seus dependentes. Emilene realiza o atendimento inicial e encaminha casos mais graves para psicólogos ou, se necessário, internação.

Síndrome de Burnout e Exaustão Física

O psicólogo Kleverton Mariani alerta para a falta de atenção à saúde mental dos servidores durante a formação e o exercício da profissão.
“Muitos policiais passam por concurso e fazem apenas avaliações referentes ao porte de arma, mas não se preocupam, de maneira aprofundada, com a saúde mental do profissional.”

A rotina exaustiva, combinada com a necessidade de complementar a renda durante o período de descanso, pode levar ao esgotamento físico e mental, conhecido como síndrome de burnout.

Soluções e Acompanhamento Individualizado

Kleverton enfatiza que não há uma solução única para os problemas enfrentados pelos policiais penais. Ele defende uma abordagem humanizada:
“É essencial entender o profissional e o cenário. Analisar se é o caso de sugerir um remanejamento de cargo, um afastamento ou até mesmo desenvolver atividades entre a equipe.”

O bem-estar dos policiais penais deve ser uma prioridade para garantir a qualidade no trabalho e preservar a saúde mental dos profissionais e de suas famílias.

Compartilhe :

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *