O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) está avaliando o retorno do horário de verão como uma medida emergencial para evitar déficit de potência energética no país. O alerta foi feito nesta terça-feira (8) pelo diretor de Planejamento do órgão, Alexandre Zucarato, que sinalizou um risco crescente de sobrecarga no sistema entre os anos de 2025 e 2029, especialmente no horário de pico.
Segundo o ONS, a retomada do horário de verão poderá reduzir em até 2 gigawatts (GW) a carga sobre o Sistema Interligado Nacional (SIN) durante os momentos de maior demanda, geralmente no fim da tarde. Caso adotada, a medida precisa ser definida até agosto, devido ao prazo mínimo de três meses para sua implantação.
A possível volta do horário de verão gera reações divididas entre especialistas do setor elétrico. O pesquisador Ivo Leandro Dorileo, da UFMT e da Unicamp, critica a proposta. Segundo ele, o principal problema é a ausência de leilões de potência, o que tem gerado insegurança para o abastecimento no curto e médio prazo.
“O horário de verão não parece ser uma solução viável. Medidas de eficiência energética entre grandes e pequenos consumidores seriam mais eficazes”, afirma Dorileo.
Ele também destaca que o modelo atual do setor elétrico não estimula a resposta da demanda, o que compromete a eficiência do sistema.
Já o engenheiro eletricista Teomar Estevão Magri, coordenador de Energia da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Mato Grosso (Sedec-MT), avalia que o retorno do horário de verão pode ser útil, especialmente no final do dia, quando a geração solar já não contribui e o consumo cresce.
Magri ressalta que a medida deve ser analisada tecnicamente, em conjunto com outras ações, como:
- Redução voluntária de consumo por grandes indústrias;
- Compensações financeiras para consumidores que aderirem;
- Evitar o acionamento de usinas termelétricas, mais caras e poluentes.
“O deslocamento do consumo nas chamadas rampas de carga pode evitar sobrecargas e reduzir custos operacionais”, explica.
A decisão final sobre o retorno do horário de verão será tomada pelo governo federal, com base nas recomendações técnicas do ONS. A medida, se implementada, poderá entrar em vigor ainda neste ano, com o objetivo de proteger o sistema energético durante os períodos de maior demanda nos próximos quatro anos.