Iniciativa de Caiubi Khun, nascida em Chapada dos Guimarães, propõe mais transparência no uso de minérios e ganha destaque na Folha de S.Paulo em meio ao interesse internacional pelas “Terras Raras”.
Uma ideia nascida no coração do Cerrado mato-grossense alcançou projeção nacional e agora ecoa nos corredores de Brasília e até além das fronteiras brasileiras. O projeto de lei idealizado pelo geólogo Caiubi Khun, natural de Chapada dos Guimarães, ganhou destaque na Folha de S.Paulo, um dos maiores jornais do país, após ser encampado pelo senador Jayme Campos (União-MT) no Congresso Nacional.
A proposta trata de um tema cada vez mais estratégico: a obrigatoriedade da divulgação dos minérios utilizados na fabricação de produtos industrializados no Brasil. Em outras palavras, o consumidor e o mercado passariam a saber exatamente quais recursos minerais muitos deles raros e valiosos estão por trás de itens do nosso cotidiano, de celulares a turbinas de energia eólica.
Minérios estratégicos e atenção global
O projeto ganhou força em meio ao aumento da atenção internacional sobre os chamados “minérios estratégicos”, com destaque para as Terras Raras, um grupo de elementos fundamentais para a produção de equipamentos de alta tecnologia, incluindo baterias, chips, veículos elétricos e sistemas de defesa.
O assunto se tornou ainda mais sensível após declarações de interesse do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, sobre o potencial mineral brasileiro. As Terras Raras, embora pouco conhecidas do público em geral, são peças-chave na disputa geopolítica global por recursos naturais. E o Brasil, especialmente estados como Mato Grosso, tem reservas promissoras.
De Chapada ao Senado
Caiubi Khun, conhecido na região por seu ativismo ambiental e técnico, vinha há anos debatendo a ausência de transparência sobre a origem e o destino dos recursos minerais brasileiros. Sua proposta foi abraçada pelo senador Jayme Campos, que protocolou o projeto no Senado.
Segundo o texto, empresas que utilizam minérios na composição de seus produtos deverão informar em seus rótulos ou embalagens a origem e o tipo de mineral empregado. A medida mira tanto a transparência ao consumidor quanto o controle da exploração mineral, que muitas vezes ocorre sem fiscalização adequada ou respeito às comunidades locais e ao meio ambiente.
Repercussão nacional e relevância ambiental
O destaque na Folha de S.Paulo joga luz sobre a importância do debate, unindo questões de soberania nacional, proteção ambiental, desenvolvimento tecnológico e responsabilidade corporativa. Especialistas ouvidos pela reportagem apontaram que, além de ampliar o controle social, o projeto pode ajudar o Brasil a valorizar sua própria produção mineral, combatendo práticas ilegais e incentivando o uso responsável dos recursos naturais.
Para Khun, a repercussão é um marco:
“Essa visibilidade mostra que o interior também pensa soluções para o Brasil. É um projeto que une ciência, cidadania e soberania”, afirma o geólogo.
Próximos passos
O projeto agora seguirá para análise nas comissões temáticas do Senado, com expectativa de ser debatido ainda neste semestre. Caso avance, poderá transformar-se em legislação inédita no país, criando uma nova cultura de transparência mineral, como já ocorre em setores como o de alimentos e cosméticos.
Enquanto isso, Chapada dos Guimarães mais conhecida por suas belezas naturais se vê no centro de um debate que conecta natureza, ciência, política e futuro. Tudo graças à iniciativa de um cidadão que transformou sua inquietação em proposta concreta.