A oficial do Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso, Izadora Ledur de Souza Dechamps, acusada de envolvimento em morte e tortura durante um treinamento aquático, foi promovida ao posto de capitã. A promoção foi oficializada por meio de um decreto assinado pelo governador Mauro Mendes (União) e pelo Comandante-Geral do Corpo de Bombeiros, coronel Nerci Denardi, publicado no Diário Oficial do Estado (DOE) na sexta-feira (17).
Conforme o decreto, a promoção ocorreu pelo critério de antiguidade, e a tenente foi reposicionada na escala hierárquica da instituição como se tivesse sido promovida na época adequada. Além disso, ela deve receber o pagamento retroativo correspondente aos oito anos em que não ocupou o posto de capitã, corrigido e atualizado.
Em 2016, a Comissão de Promoção de Oficiais (CPO) havia excluído Izadora Ledur do quadro de acesso para promoção devido à repercussão das denúncias de tortura contra dois alunos durante treinamentos aquáticos realizados em Cuiabá. Na época, a oficial foi apontada como uma das responsáveis pela morte do aluno Rodrigo Claro, que faleceu em novembro daquele ano após participar das atividades do curso.
Em 2022, o caso foi considerado prescrito pela Justiça, e, em 2023, um decreto do governo de Mato Grosso acolheu pareceres da Procuradoria-Geral do Estado, declarando a extinção da punibilidade de Ledur. Essa decisão foi publicada no Diário Oficial e assinada pelo governador Mauro Mendes, possibilitando que a oficial retomasse o curso natural de sua carreira militar.
A promoção e o pagamento retroativo geraram críticas de setores da sociedade e entidades ligadas aos direitos humanos, que questionam a mensagem transmitida pela reintegração e ascensão de uma oficial envolvida em um caso tão controverso. Por outro lado, a decisão segue o entendimento jurídico de que, com a extinção da punibilidade, não há impedimentos legais para o reconhecimento da antiguidade e da promoção.
O caso de Izadora Ledur continua sendo lembrado como um marco nas discussões sobre os limites dos treinamentos militares e a responsabilização em situações de abusos dentro das corporações.