O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acusou o Brasil de tratar “de modo terrível” o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e comparou a situação do aliado à própria batalha que trava nos tribunais norte-americanos. Em texto publicado nesta segunda-feira (7) em sua rede Truth Social, Trump afirmou que Bolsonaro “não é culpado de nada, exceto de ter lutado pelo povo” e classificou as ações judiciais contra o ex-chefe do Executivo como “uma caça às bruxas” — expressão que ele costuma usar para se referir aos processos que enfrenta nos EUA.
No texto, Trump elogia Bolsonaro como “líder forte” e “negociador duro em comércio”, diz que o brasileiro “lidera as pesquisas” e denuncia suposta tentativa de tirá-lo do jogo eleitoral. “O único julgamento que deveria acontecer é o do eleitor brasileiro — chama-se eleição. Deixem Bolsonaro em paz”, escreveu. A mensagem foi publicada enquanto o ex-presidente brasileiro responde a quatro ações penais no Supremo Tribunal Federal (STF), incluindo acusação de participação em trama golpista, e está inelegível até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral.
O Palácio do Planalto evitou comentar oficialmente a manifestação de Trump, mas auxiliares do governo Lula avaliaram, reservadamente, que o presidente norte-americano “infringiu a praxe diplomática” ao opinar sobre processo judicial em curso em outro país. Ministros do STF ouvidos pela reportagem consideraram o recado uma “pressão política externa” sem efeito prático sobre as ações penais.
No Congresso, parlamentares alinhados a Bolsonaro celebraram o apoio. “É o reconhecimento internacional de que o ex-presidente sofre perseguição”, disse o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG). Já integrantes da base governista lembraram que o próprio Bolsonaro foi acusado de estimular interferências estrangeiras ao contestar o sistema eleitoral de 2022.
A nota de Trump chega às vésperas da abertura do ano pré-eleitoral no Brasil. Embora impedido de concorrer, Bolsonaro mantém forte capital político e atua com grande articulação para 2026.
