Governo de Mato Grosso aciona o STF e alerta para risco de desapropriação com ampliação da Terra Indígena Irantxe-Manoki

Foto: Reprodução STF-Ação

O Governo de Mato Grosso ingressou no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o Decreto 12.273/2025, que amplia significativamente a área da Terra Indígena Irantxe-Manoki, localizada em Brasnorte. A Procuradoria-Geral do Estado (PGE) afirma que a medida gera risco de desapropriações, instabilidade fundiária e viola a Lei do Marco Temporal.

Segundo a PGE, a União ampliou a área indígena sem consultar o Estado nem o município, o que fere o pacto federativo. O governo argumenta que propriedades rurais legalmente tituladas há décadas foram incluídas no novo perímetro, gerando insegurança jurídica e ameaçando atividades econômicas consolidadas.

O Estado sustenta que o decreto desrespeita o artigo 13 da Lei 14.701/2023 — o Marco Temporal — que proíbe a ampliação de terras indígenas já demarcadas.

Propriedades privadas, matrículas imobiliárias vigentes e áreas produtivas passaram a constar dentro da zona de expansão. A mudança, segundo o governo, pode resultar em:

  • bloqueio de registros imobiliários;
  • suspensão de licenças e certificações fundiárias;
  • perda de arrecadação municipal;
  • paralisação de atividades agropecuárias;
  • aumento de conflitos territoriais.

Produtores rurais e entidades como a Aprosoja-MT demonstraram preocupação e anunciaram que também buscarão medidas judiciais contra o decreto.

A Terra Indígena Irantxe-Manoki foi criada em 1968 e homologada em 1990, com cerca de 45,5 mil hectares. O decreto federal amplia a área para aproximadamente 252 mil hectares, mais de cinco vezes o tamanho original. A nova delimitação abarca propriedades ocupadas por famílias e produtores desde meados do século XX.

O governo solicita a suspensão imediata dos efeitos do decreto e a preservação da situação fundiária atual até decisão definitiva. Mato Grosso também atua como amicus curiae em processo que discute a constitucionalidade do Marco Temporal.

A ampliação reacende discussões sobre demarcações, segurança jurídica no campo e impactos econômicos em municípios dependentes do agronegócio. Prefeitos da região afirmam que a medida pode gerar forte instabilidade social caso não haja mediação judicial.

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